Cidadania

Eu era muito bairrista. Orgulhosa de ser carioca da gema, de arrastar chinelo para a praia, sair de cabelo molhado. Nariz em pé por viver na cidade mais linda do mundo. Pois hoje acho que os cariocas não merecem a cidade que eles têm.

Em meu quinto ano vivendo em Tóquio, sei que uma cidade é o reflexo de seus cidadãos. E mais uma vez falo de limpeza urbana aqui no blog, novamente movida pelo estarrecimento que me causa a imundície gerada por quem sai às ruas no Rio para se divertir no Carnaval. Não dá para aceitar.

Um dos meus primeiros posts foi O lixo é de cada um. Em 2014, além da porcalhada habitual dos foliões ainda houve uma greve de garis no Rio. Eu, do outro lado do mundo, começava a perceber que o problema não era a falta de garis, o problema era precisar tanto deles. Comentei no Facebook que os que saíram às ruas para protestar contra a greve deveriam pegar o material de limpeza de suas casas e limpar a sujeira da cidade. E lembrei que muitos dos que estavam reclamando não deviam nem saber como se faz uma faxina.

Isso aqui no Japão se aprende na escola. Aqui a limpeza urbana é dever de cada cidadão. E eles nem precisam limpar tanto, porque não sujam. Cada um cuida do seu lixo, porque obviamente, a sujeira é responsabilidade de quem a produz, certo?

Os políticos que nos representam nos roubam, a corrupção é o câncer do Brasil, ok. Mas o brasileiro tem que aprender o que é ser um cidadão. Não é por causa dos governantes incompetentes que o espaço público é mal cuidado, é por causa dos que maltratam a cidade não se importando com o bem estar de quem está a seu lado. A cidade é COMPARTILHADA. Exatamente por isso é que deve ser bem cuidada por todos. A lógica no Japão é essa. Se o espaço não é usado só por mim, mais um motivo para que eu o conserve limpo e organizado.

Numa boa, isso não é óbvio?

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