Biblioteca de escola

A biblioteca deveria ser sempre o coração da escola. O acesso aos livros é importante, mas o efeito deles na educação de uma criança pode ser muito potencializado. Escrevo aqui hoje mais uma vez sobre o que acontece na Tokyo International School porque sei que estou testemunhando  inovações na maneira de ensinar que podem ser aplicadas em muitas outras escolas, privadas ou públicas. Apresento a vocês a biblioteca dos sonhos:

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A biblioteca fica na hall de entrada da escola, integrada à recepção, por isso é passagem obrigatória para todos: alunos, pais, professores, funcionários, visitantes. O chão é de tapetes coloridos e tem grandes almofadas e banquinhos espalhados, qualquer um pode pegar um livro na prateleira e se integrar ao ambiente acolhedor.

 

Cada turma tem um horário semanal com o bibliotecário. Ele conta as histórias sempre interagindo com os alunos, que levantam seus dedinhos ansiosos para dar sua opinião sobre o livro. A compreensão e a interpretação dos textos é a prioridade. Como diz uma das muitas mensagens espalhadas pelas paredes do lugar, “É melhor ler pouco e refletir muito do que ler muito e refletir pouco”.

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Os alunos são estimulados, desde pequenos (como as crianças da foto, que têm entre 5 e 6 anos), a assimilar o que estão lendo. Para isso, é claro, os livros são direcionados de acordo com as faixas etárias e interesses das crianças.

E não basta entender o que se lê, é preciso também ser capaz de relacionar o conteúdo dos livros ao que está fora deles. É aí que entra uma das campanhas dessa biblioteca-modelo.

“Fazer conexões: conectar o que você lê com a sua vida. Pode ter acontecido com você, um amigo, ou você pode ter lido sobre isso em algum outro lugar”.

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“Relacionar a história com sua própria vida, experiência e sentimentos: Isso me lembra de… / Eu entendo como o personagem se sente porque… / O cenário me faz pensar sobre outro lugar… / Eu já vivi isso…”

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“Relacionar o texto com o mundo: Isso aconteceu de verdade… / Isso é parecido com o que eu escutei no noticiário… / Isso aconteceu quando… / Essa história é parecida com…”

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Essas orientações parecem simples, mas formam leitores de verdade, capazes de desenvolver um pensamento crítico, questionar, relacionar livros, acontecimentos, sentimentos. Perfeitos juízes para o concurso Medalha Sakura, organizado por 20 escolas internacionais espalhadas pelo Japão. Todo ano, desde 2006, os bibliotecários das escolas elegem 25 a 30 livros recém lançados de cada uma das 9 categorias, que incluem obras em japonês e inglês para diferentes períodos escolares.

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As crianças que escolhem participar do concurso devem ler pelo menos 5 dos livros (por serem mais longos, são 4 para os que estão no sexto ao nono ano e 3 para o Ensino Médio) e votar no que gostou mais. Os autores vencedores de cada categoria recebem a medalha Sakura, que é o nome em japonês para a flor da Cerejeira.

Minha filha de 7 anos está participando do concurso. Todos os dias, ao chegar na escola, ela vai até o bibliotecário para trocar seu livro Sakura. Só ganha o carimbo de lido em seu cartão depois que explica para ele o que entendeu da história.

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Sempre dá para potencializar ainda mais os efeitos positivos de uma iniciativa como essa. Os professores e funcionários também elegem seus livros, e se unem às crianças participantes nesse cartaz colado com destaque na parede da sala de leitura:

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Aguardem meu próximo post, vou publicar uma entrevista com o incrível bibliotecário John Kolosowski e mais ideias que fazem germinar nas crianças o amor pelos livros. Enquanto isso, quem também acha que a biblioteca deveria ser o coração da escola, compartilhe com os amigos!