2014

Expansão é o que define o meu ano de 2014. As fronteiras que limitam o conhecimento sobre o que está ao meu redor se alargaram. E ao mesmo tempo consegui olhar bem mais fundo para dentro de mim. Enxergo uma relação de causa e efeito entre essas duas frases.

A diferença ensina e ajuda a olhar para nossas “verdades” às vezes tão sedimentadas sob outras perspectivas, através de outros prismas. Nunca imaginei que em uma cidade imensa e com tanta gente como Tóquio eu iria encontrar paz e silêncio. Com menos barulho, sinto que é mais fácil perceber com clareza o que me cerca. Falo de barulho em um sentido bem amplo, incluindo as demandas das tantas relações que construímos na vida, vindas lá da infância, da bagagem que se acumula e às vezes fica tão pesada. O distanciamento de um pedaço do que deixei em meu país permitiu que este ano eu conseguisse tirar os pontos de feridas antigas e profundas, que passei muito tempo tentando curar, progredindo lentamente. Os amigos que ficaram no Brasil fazem muita falta. Sou filha única, mas tenho 3 irmãs que escolhi e me escolheram. Cada uma sabe que está guardando um pedacinho do meu coração do outro lado do mundo…

É difícil para o estrangeiro que mora aqui interagir com os japoneses. Me sentir diferente dos que me cercam e ser olhada como diferente é uma experiência nova para mim. Também é novo viver em um país sem a herança cristã, com templos budistas por todo lado e que coloca o coletivo acima do individual. O que tento sempre é aprender, absorver ao máximo o que vejo e experimento. No blog, que chega hoje a 82 posts, tento escrever sob um ponto de vista positivo sobre o que testemunho. Não faz sentido para mim usar este espaço para criticar, ou contar histórias que podem até ser curiosas, mas não constroem. Pode ser até que eu tenha bem menos leitores por causa dessa decisão editorial, mas estou feliz com o que venho produzindo por aqui.

Vou então terminar este post com a foto que tirei em Oshino Hakkai. A energia que emana em um lugar como esse é um bálsamo. Um pequeno lago, que quando está imóvel, reflete o Monte Fuji. Um japonês se aproximou de nós para nos mostrar o ponto exato em que deveríamos nos posicionar para admirar e registrar o singelo cenário. Nesse dia a água tinha algumas ondulações, mas não precisa ser perfeito, precisa?

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