Estava no táxi rumo ao Galeão, ouvindo na rádio “que toca saudade” uma música bem melosa do Roupa Nova, com um nó na garganta por me despedir mais uma vez da minha cidade tão amada, olhando para o Cristo já se distanciando e pensando na primeira frase que escreveria em meu post… quando o carro de repente freou bruscamente e bateu. No meio do viaduto da Linha Vermelha, momentos de pavor encerraram a minha viagem, infelizmente. Ficou tudo bem, acabei chegando ao aeroporto e estou de volta à tranquilidade de Tóquio.
A batida só fez confirmar o que de longe mais me incomodou durante a minha estada no Rio, depois de 1 ano e 4 meses fora. O trânsito caótico. Circulei bastante de carona com amigos e parentes e de táxi, fui a Petrópolis, à Barra, Tijuca, Rio Comprido, Zona Sul. Senti os motoristas estressados, várias vezes tive a impressão de que escapei de um acidente por um triz. Uma situação diametralmente oposta à que vivo em Tóquio, circulando nos metrôs, trens e ônibus em paz.
Mas é claro que mesmo assim foi maravilhoso reencontrar a minha cidade linda e experimentar de novo o calor do fim de inverno carioca (chegou a 37 graus!) e das pessoas. Virei amiga íntima de vários desconhecidos, bati papo com vendedoras, taxistas, estava sentindo falta dessa interação. O carioca tem muito amor e responde com um sorriso sincero a qualquer afago ou gentileza. Senti uma certa carência nas pessoas, um cansaço da vida dura em que se trabalha muito sem receber quase nada em troca.
Refleti demais sobre o meu país. Uma natureza estonteante e generosa, imensas extensões de terra fértil, minério, fontes de energia limpa abundantes mas tão mal aproveitadas. Sem terremotos ou furacões. O Japão é formado por ilhas vulcânicas sacudidas por tremores de terra, tem traumas profundos de um passado de atrocidades cometidas com os países vizinhos, já penou com muitas guerras, foi atingido por duas bombas atômicas. Apesar de tudo isso o país funciona.
Fico imaginando o aconteceria com o Brasil se tivéssemos mais honestidade e competência no poder público.
Parabéns Taiga, texto excelente!
Minha Querida Taiga, muito bom ver vc por aqui, adorei seu Blog, vou divulga-lo aqui no Rio de Janeiro!!!
Li alguns Posts e adorei…
Abraços para o meu querido Márcio, continuo assistindo ele por aqui…
Excelente o trabalho de vcs dois, tenho orgulho de ter compartilhado meu trabalho com vcs!!!
Bjos!!!
é tão bacana essa experiência de poder sair e ver o seu próprio país com outros olhos e outra referência. e, muitas vezes, as soluções e os caminhos são muito mais simples do que imaginamos. às vezes tenho a certeza de que o que falta aqui é uma enorme falta de vontade política….. beijos! saudades
Oi Taiga que bom saber que você já está em casa e acredito cansada pois a vida no Rio de Janeiro está estressante. Há obras por todos os lados e mal organizadas. O Rio virou um enorme canteiro de “ganhos fáceis”. A ideia, me parece, são os jogos de 2016 mas a verificar o famoso “legado” que seria deixado pela Copa do Mundo, ficaremos com as despesas e mais nada. Hoje para conseguirmos ir da Lagoa à Barra dispendemos, aproximadamente, 1:30h. De Ipanema à Fonte da Saudade, 50 minutos. É uma loucura. Imagina para quem tem hora para trabalhar.
O que temos de bom foi Papai do Céu que nos deu. (dias lindos, céu azul, belas paisagens.praias maravilhosas, etc).
Enfim é a nossa terra que amamos e sentimos uma saudade imensa quando estamos longe. Beijos a todos e desculpe o meu desabafo.
Taiga, estive no Japão em 92 por um mês como convidado do governo japonês. Éramos 10 jornalistas latino americanos que foram conhecer o Japão “por dentro”. Nossas conclusões ao voltarmos foi a mesma. Trata-se de um país que deu a volta por cima, mas que pagou um preço por isso. São muito ricos, mas não têm mais para onde crescer. Trocam de carro todos os anos, pois o carro passou a ser um extensão de suas casas, pois o metro quadrado é tão caro que poucos podem comprar um imóvel próprio. Um melão custa uma pequena fortuna. É dado até como presente de casamento. Mas apesar das limitações, aprenderam a vida de forma coletiva como poucos povos. Quando embarcamos de volta, brincamos com nossa guia, Akiko: “Vamos para casa, mas vocês é que são felizes. Vivem num país moderno, ganham bem, têm qualidade de vida”. Akiko nos respondeu prontamente: “É, aqui ganhamos bem, mas a vida é muito cara. Pra se viver melhor, temos que morar mais longe do centro. Mais tempo em trens. E vocês voltam para seus países onde vão continuar a viver sempre sorrindo, felizes”. Nunca esqueci esse comentário dela.
Obrigada por enriquecer meu blog com a sua história, grande amigo Eduardo Mack!
Adoro este blog. É sincero sem ser piegas. Porém eu sinto que as tvs brasileiras (inclusive as a cabo) tendem a deixar as pessoas menos espertas, vamos dizer assim. Criticam criticam e criticam o poder publico (muitas vezes com razão)… Mas também não informam – com exceçoes, claro. Não explicam que as competencias do transito são da União… ontem teve eleicoes na Suécia – o paraíso dos politicos com “P maiusculo” … nada na imprensa brasileira … e pra finalizar … a Uefa Champions League tem jogos as 20:45 durante a semana, com metro na porta, e no Br é ás 21:50, sem garantia de metrô aberto … Na sua opinião, como dá pra melhorar? Beijo no coração