Circulação

Já escrevi bastante por aqui sobre o transporte público no Japão, e vou continuar insistindo no assunto. Sou fascinada por metrópoles e pela complicada missão de fazê-las funcionar. Com o perdão da analogia, que por tão apropriada com certeza já foi usada em vários textos sobre o tema, se uma cidade fosse um corpo humano, o sistema de transportes seria a circulação do sangue. Pela minha humilde experiência de observadora atenta das grandes cidades, para que a circulação seja eficiente, as artérias devem ser os trilhos, e as veias menores, o asfalto. Desta vez vou falar dos ônibus, que devem ser eficientes auxiliares na circulação, como acontece aqui.

Ônibus em Tóquio

Em Tóquio eles não são muito grandes, e foram poucas as vezes em que peguei algum lotado. Eles servem de articulação complementar do sistema comandado pelos trilhos. As linhas cobrem distâncias curtas, e muitos pontos são estações de trem e metrô, aqui chamadas de Eki. Entra-se pela porta da frente, mais estreita, onde se dá o pagamento da passagem ao motorista. A saída é por uma porta no meio do ônibus, mais larga.

Editei um video curto para mostrar um pouco como é andar de ônibus por aqui. Prestem atenção no silêncio e no uniforme do motorista, com chapeuzinho e luvas brancas:

Dentro do ônibus, um painel eletrônico avisa qual é o próximo ponto. Cada vez que se aproxima de um deles, uma gravação diz o nome da parada e os principais locais próximos a ela.

Nos pontos, uma tabela ou um painel eletrônico também informam o horário exato da chegada do ônibus. Se por acaso ele chega mais cedo do que o horário determinado, o motorista espera para partir. As pessoas sabem a que horas devem chegar no ponto, se o ônibus das 14:37 passar às 14:35, deve esperar pelo passageiro que se planejou.

A maneira mais prática de se pagar trens, metrôs e ônibus aqui é com um cartão magnético de débito, que serve para todos os veículos, inclusive os táxis. Em qualquer estação é possível carregar o cartão.

Os valores das passagens variam de acordo com a distância percorrida. Normalmente pago 200 ienes no ônibus que utilizo na minha vizinhança, o equivalente a R$ 4,30. Crianças a partir de 6 anos pagam metade, menores de 6, andam de graça. Idosos e estudantes podem adquirir um passe especial, mas precisam pagar por isso. O passe dos idosos, válido por um ano e de uso ilimitado em todo o sistema de ônibus, trens e metrô, custa o equivalente a R$ 430,00. Só os idosos com renda muito baixa pagam um preço simbólico pelo passe.

Não sou urbanista ou especialista em transporte público. Sou uma jornalista carioca que mora em Tóquio. O que posso dizer com certeza a vocês é que na região metropolitana mais populosa do mundo, a população circula com rapidez, eficiência e segurança, graças a um sistema que atingiu a perfeição. Acho que muitas cidades podem aprender com o exemplo daqui.