Outros

 

É muito comum ver pessoas usando máscaras como essas em Tóquio. Elas são vendidas em todas as farmácias, em todos os tamanhos, até para crianças bem pequenas. As pessoas e as crianças usam as máscaras por causa da gripe. O raciocínio automático do ocidental é pensar: as máscaras são para proteção, eles não querem pegar gripe de outras pessoas. Então prepare-se para se surpreender. Os que usam as máscaras são os que estão gripados. Eles estão protegendo os outros.

A cordialidade do japonês chega a ser desconcertante. Não se pode falar ao celular em nenhum lugar fechado que seja público, o aparelho tem que ficar no modo silencioso e só mensagens de texto são permitidas. Tóquio é uma das metrópoles mais populosas do mundo, e faz parte da rotina de quem mora aqui conviver com a multidão. O que surpreende é o silêncio. Milhares de pessoas na hora do rush circulam pelas estações de metrô, e ninguém fala alto. O som dos passos sobressai ao som das vozes. É impressionante.

Uma amiga brasileira esteve aqui com a família para nos visitar. Eles foram a Kamakura, cidade próxima que é atração obrigatória para os turistas. Pararam em frente a um templo para tirar uma foto, ocupando parte da rua por onde passavam os carros. Um carro parou e eles já estavam se preparando para sair do caminho quando o motorista saltou e perguntou se queriam que ele tirasse a foto. A situação os surpreendeu muito, e as crianças ficaram maravilhadas com a educação e a generosidade do desconhecido. Eu já me acostumei. Tem sempre alguém disposto a oferecer ajuda a um estranho aqui.

Pensar no próximo não é o fundamento principal da nossa herança católica, ocidental? Como foi que nos tornamos tão individualistas?