Feirinha de domingo

Aqui em Tóquio as pessoas circulam pela cidade, interagem nas praças, nos parques, convivem no espaço urbano.

Lembro das longas reflexões sobre esse tema durante a época do meu Mestrado. Muitos autores, como Michel de Certeau, Néstor García Canclini e Beatriz Sarlo discutem em seus textos o quanto a cidade grande está ficando cada vez mais impessoal, como as pessoas não interagem mais em lugares públicos. Em minha pesquisa constatei que a relação dos cidadãos com a cidade estava cada vez mais sendo intermediada pelos meios de comunicação. Isso sem falar na internet, cada um em seu computador ou celular.

No domingo em Tóquio os parques estão sempre cheios. Fomos passear em um deles em Hibiya, e minha filha aproveitou uma tarde de outono interagindo com os japoneses, participando de tudo mesmo sem entender uma palavra do que falavam. Havia lá uma feira montada, cheia de comidinhas e atividades para as crianças, parecido com a nossa Festa Junina.

Lembram da tradicional brincadeira do coelho na toca? Aqui eles fazem uma corrida de patos. Colocam cada um em sua posição, um punhado de milho no fim da pista…

E dão a largada. O difícil foi saber qual pato chegou primeiro…

Ao lado da corrida dos patos, um cercadinho com carneirinhos e porquinhos da índia. Que criança não gosta disso?

Cada barraquinha tinha uma atividade diferente, mas em todas era a criança quem fazia sua obra de arte. Isabel fez uma guirlanda de natal usando arroz, uma escultura de pinhas e galhos secos e um carimbo da batata. Para arrematar, a lanterninha em forma de peixe.

É claro que não poderiam faltar os mascotes…

Não entendemos japonês, mas deu para perceber que a feira tinha uma ligação com a produção agrícola do país. O lazer é pensado para integrar as crianças em sua cultura, para que eles entendam de onde vem a comida que os alimenta todos os dias e que valorizem o trabalho de quem a cultiva. A educação permeia tudo por aqui…