Há uns meses atrás apareceu uma discussão no facebook que ficou na minha cabeça. Estavam reclamando que faltavam latas de lixo nas ruas do Rio. E que as que haviam eram muito pequenas, pouco práticas.
Aqui não tem latas de lixo na rua. Também não tem gari. E as calçadas são limpíssimas. Só se encontra latas de lixo do lado das vending machines, que são as máquinas que estão por todo o lado com todos os tipos de bebida à venda. E as latas do lado dessas máquinas são especificamente para garrafas pet e latas.
O outro lugar possível de se encontrar latas de lixo é dentro das lojas de conveniência. E é só.
Há pouco tempo entendi o motivo. Para os japoneses, o lixo é de cada um. É um desrespeito para com a cidade levar o lixo para a rua. E eles não comem andando. Eles param, compram o suco, chá ou lanche, comem e jogam fora antes de voltar a caminhar. O lixo pertence à pessoa que o produz, e é de inteira responsabilidade dela.
Não há necessidade de latas de lixo ou garis catando a sujeira produzida pelos cidadãos, porque eles respeitam sua cidade.
Os “garis” daqui cuidam dos muitos jardins espalhados por Tóquio e têm muito trabalho principalmente no outono, catando as folhas que caem das árvores…
Conseguem ver algum lixo nestas fotos? E aquelas lindas latas cor-de-laranja?
[…] O lixo é de cada um. […]
Mas gente: e o lixo doméstico? Orgânico e não orgânico? Tem coleta municipal, aterro sanitário etc? Como funciona. Fiquei curiosa.
http://tokyorio.com/2013/10/14/o-lixo-e-de-cada-um/?replytocom=219#respond
Pessoal, com todo respeito ao elevado nível de seus comentários, não estão sendo apenas utópicos (ideal impossível de alcançar) mas também muito ingênuos. O problema da conduta social está na raíz do indivíduo, isto é, no estado de consciência coletiva que ele pode alcançar. E isto é um dos pilares do que se chama Civilização, que é muito mais amplo do que educação, instrução e ou cultura. Civilização independe de antiguidade ou de qualquer fator geográfico ou antropológico. A Civilidade é um processo geral uniforme e constante de evolução em busca do aperfeiçoamento da conduta em sociedade.Como a grande maioria dos países, pertencemos ao terceiro mundo, anos luz do primeiro mundo. Comparar um com outro é utopia e, por que não dizer, até ingenuidade!
Taiga, muito importante essa reportagem que você fez, parabéns! Já morei no Japão e conheço esse hábito de limpeza dos japoneses. Sujeira, só aqueles deixados pela natureza, os japoneses tem uma verdadeira obsessão por limpeza, e os brasileiros devem aprender muito com eles. Não é preconceito não, é fato: Pessoas que jogam objetos pela janela do carro, garis que jogam lixo na rua, rios poluídos, entulhos. ruas sujas, e por aí vai.
Até a conversa que se originou no lixo, e se direcionou para um povo, ficou respeitosa, interessante!
Sempre varri a minha calçada, recolhi o lixo e o embalei para o lixeiro. Me lembro que sempre foi assim Hoje coleta selecionada, lixeiros diferentes a cada dia, não tem pq jogar o lixo na rua.
Se vou a algum lugar e vejo algo que gosto, admiro, passo a usar isso.
Cultura milenar, mimimi, harmonia com o meio ambiente, mimimi, respeito a natureza, mimimi, 2/3 de um país tão populoso é coberto por florestas, mimimi… Depois de ter uma visão romântica, quer seja por japoneses ou qq outro povo, precisa vir o segundo passo (o conhecimento) e depois do conhecimento o entendimento.
O Japão sozinho devastou praticamente todas as florestas da Ásia. E agora, aonde está a harmonia milenar?!
A verdade sobre o brasileiro em comparação aos estrangeiros é o que dizia Nelson Rodrigues: SÍNDROME DE VIRA LATAS. Ou nos achamos pior em tudo, ou criamos reis (do futebol, da música, maior estádio do mundo, mas não somos bons em nada, somos corruptos, sujos etc.)…. Ahhhhhhhhhhhh gentêêê, nem tanto ao céu, nem tanto a terra!!!
Temos todos que aprender sempre Cláudio. Cada país e cada pessoa tem sua história, com erros e acertos. Olhar para aspectos positivos de uma cultura não quer dizer ignorar todos os outros ingredientes que temperam o que é complexo. A experiência que estou tendo aqui, imersa em uma comunidade internacional de expatriados que vêm de todos os cantos do mundo, Índia, Paquistão, México, Austrália, Suécia, Coreia, China e muitos outros só aumenta a minha vontade de aprender sempre, cada vez mais, reconhecendo as falhas e pontos negativos mas me concentrando sim no que cada um tem para oferecer e ensinar de construtivo. Já escrevi 60 posts no meu blog, sobre muitos temas. Se você quiser, iria gostar muito que lesse um pouco mais. Pode dar uma olhadinha nesse aqui: http://tokyorio.com/2013/10/11/pertencimento/
Ei, peraí, não sei se entendi: o post é sobre o lixo e sua relação com o individual e o coletivo? Então, desculpem muitos dos comentaristas mas… não tem essa de japonês isso, brasileiro aquilo. Se é tudo gente e se, por acaso, somos todos brasileiros nesse espaço de comentários (à exceção de um japonês que li aí mais pra cima), vamos combinar, é tudo uma crise humanitária: tem gente que quer comer carne de baleia, tem gente que quer que outros catem seu lixo… já vi sim, como relataram, bitucas, detritos, embalagens fora de seus lugares devidos, em canteiros, ruas, por cidades do Japão. Minha ascendência é japonesa. Podia ser francesa também. Agora, se um dos lados das origens de meus pais fosse mais ocidental ainda, ou digamos, italiana, portuguesa ou alemã, isso me faz uma pessoa menos ou mais brasileira? Não tem essa de “a verdade” é que temos síndrome de vira latas, nem todos concordam com o Nelson. Tem gente mais assídua no hemisfério norte e gente menos poluidora no hemisfério sul. Já vi holandês ladrão e holandês mão aberta. O lance é que estar no estrangeiro, estar simplesmente diante do outro, é um contínuo olhar pra dentro de si e uma desconstrução, uma desmistificação. Essa coisa de “Japão é assim, Brasil é assado”, tudo clichê, isso sim, mimimis que se compra por aí, a mídia gosta de oferecer e muita gente não se dá o trabalho nem de mudar de “canal” ou simplesmente “desligar” e andar por aí, com as próprias pernas…
Ei, peraí, não sei se entendi: o post é sobre o lixo e sua relação com o individual e o coletivo? Então, desculpem muitos dos comentaristas mas… não tem essa de japonês isso, brasileiro aquilo. Se é tudo gente e se, por acaso, somos todos brasileiros nesse espaço de comentários (à exceção de um japonês que li aí mais pra cima), vamos combinar, é tudo uma crise humanitária: tem gente que quer comer carne de baleia, tem gente que quer que outros catem seu lixo… já vi sim, como relataram, bitucas, detritos, embalagens fora de seus lugares devidos, em canteiros, ruas, por cidades do Japão. Minha ascendência é japonesa. Podia ser francesa também. Agora, se um dos lados das origens de meus pais fosse mais ocidental ainda, ou digamos, italiana, portuguesa ou alemã, isso me faz uma pessoa menos ou mais brasileira? Não tem essa de “a verdade” é que temos síndrome de vira latas, nem todos concordam com o Nelson. Tem gente mais assídua no hemisfério norte e gente menos poluidora no hemisfério sul. Já vi holandês ladrão (não, não era um junkie) e holandês mão aberta (sem ser esbanjador). Se achar do primeiro mundo ou do terceiro é concepção retrógrada, geografia dos anos 50, que não tem mais razão de ser desde os anos 1990. O lance é que estar no estrangeiro, estar simplesmente diante do outro, é um contínuo olhar pra dentro de si e uma desconstrução, uma desmistificação. Essa coisa de “Japão é assim, Brasil é assado”, tudo clichê, isso sim, mimimis que se compra por aí, a mídia gosta de oferecer e muita gente não se dá o trabalho nem de mudar de “canal” ou simplesmente “desligar” e andar por aí, com as próprias pernas…
achei um outro colega seu, blogando por aí. fica o contato http://ewerthontobace.com
Morei no Japão por 12 anos e logo que cheguei, ainda acostumado com os “costumes” adquiridos no País onde nasci e cresci, abri uma bala e inconscientemente joguei o papel no chão, logo atrás de mim vinha um senhor que pegou o papel, me alcançou e falou muito educadamente, – Ei, caiu do seu bolso, tem uma lixeira naquela loja de conveniência logo ali na frente. Aquilo me marcou bastante e me fez repensar nos meus hábitos e desde então procurei assimilar tudo de melhor que a cultura do povo japonês estava me oferecendo gratuitamente.
Sinto saudades daquele País.
Estive no Japão por duas vezes. Lembro-me de separar os lixos em sacos que tinhamos de comprar nos supermercados. Para cada tipo de lixo era uma cor diferente. Além disso era preciso colocar o nome do responsável pela residência, caso contrário o saco não era recolhido. Nos primeiros dias os próprios moradores do bairro vinham nos avisar que era necessário nomear o saco de lixo, achei estranho ter que colocar o nome no saco de lixo mas depois compreendi que isto fazia parte de uma estrutura organizacional na qual todos mostram o seu comprometimento com o bem estar da comunidade.
Tive a felicidade de conhecer algumas cidades do Japão em janeiro/14 e também fiquei impressionada com o povo japonês, pelo seu respeito ao outro e ao seu entorno. As ruas e calçadas são imaculadamente limpas, sem buracos ou degraus que dificultem o livre acesso a pedestres, ciclistas ou pessoas com dificuldades motoras/visuais. Confesso que voltei triste a SP, sei que nunca teremos um país como aquele, pois nos falta a educação que começa em casa e que se estende aos bancos escolares, tão carentes de qualidade.
Um dia seremos.assim….