Dia de chuva

Quando acordava de manhã no Rio e via que estava chovendo forte já sabia que teria que sair bem mais cedo de casa. A cidade estava parada, com certeza. Cada um dirigindo seu carro, um trânsito infernal.

Tóquio é preparada para aguentar terremotos e enfrenta tufões, então é claro que uma simples chuva, mesmo forte, não causa transtornos por aqui. O tempo que levamos de um destino a outro é sempre o mesmo. Para chegar na minha aula de japonês, saio de casa 25 minutos antes. Caminho por 5 minutos até o metrô, ando duas estações e depois são mais 7 minutos a pé até o local da aula. Invariavelmente.

Metrô lotado, como sempre, mas funciona. E estou muito mais feliz assim do que quando enfrentava o stress dos engarrafamentos dentro do meu carro no Brasil. A enorme maioria das pessoas que trabalham em Tóquio moram bem longe. Mas sabem a que horas vão chegar em seu destino, sem atrasos. Têm a seu dispor uma rede articulada de trens, metrô e ônibus eficientíssima. Só existe mobilidade urbana com transporte público e cidadãos agindo coletivamente.

Outra diferença: meus pés não ficam molhados. E eu ando muito aqui. Não importa que sapato eu colocasse, isso sempre acontecia andando pelas calçadas do Rio na chuva. E não era só com a água das poças nos buracos que eu me preocupava lá. Trabalhava no Leblon, bairro com um dos metros quadrados mais caros do mundo e sempre quando chovia, apareciam os vazamentos de esgoto.

É pedir muito ter o direito de se locomover na sua cidade em um dia de chuva sem afundar o pé em buracos cheios de água suja? Os impostos aqui no Japão são caros, mas ninguém reclama. Todos tem o direito de ir e vir decentemente.

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